Article
Spanish
ID: <
10670/1.nuyplm>
Abstract
Durante séculos, parte do mundo letrado esteve atento às opiniões dos brancos sobre o pensamento e as ações dos guarani; eram tempos exclusivos da antropologia sobre o Outro. No presente, pretende-se dar conta também da antropologia do Outro sobre nós mesmos. Com o objetivo de mostrar essas duas faces, confrontam-se neste artigo vozes autorizadas de brancos que escreveram sobre os guarani com vozes outras dos mbyá-guarani que falaram sobre a sua cultura e a dos brancos. O eixo escolhido é a figura do Tupã, nome que foi apropriado pelos evangelizadores coloniais para construírem seu discurso monoteísta. Em este jogo de alteridades, será analisada, primeiro, a desventurada “vida literária” da personagem, para depois ouvir vozes dos ainda danificados por aquele fato histórico. Este confronto, além de revelar inconsistências preconceituosas em alguns escritos e estratégias guarani protegendo o seu politeísmo, permite avaliar a magnitude da violência simbólica implicada na evangelização.