Gênero e "raça" constituem duplos marcadores que implicam às mulheres negras a construção identitária negativa, fruto de relações de poder que alimentam e mantêm esse segmento, em particular, nas situações de desvantagens no âmbito educacional, político, cultural e outros. Diante disso, o objetivo central deste trabalho é analisar como as estudantes negras do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) percebem as relações étnico-raciais diante da atuação como estagiárias em escolas de rede privada de grande porte em Salvador. Utilizou-se o método de abordagem qualitativa, caracterizado pela pesquisa exploratório-descritiva, em que se utilizou o questionário para a coleta de dados. O universo da pesquisa compôs-se de onze mulheres negras, estudantes regularmente matriculadas no curso de Pedagogia da UFBA. O período de levantamento de dados ocorreu de novembro de 2012 a janeiro de 2013. Os estudos feitos sobre as relações de gênero e étnico-raciais no Brasil tiveram como base os pressupostos teóricos encontrados em: Gomes (2005), Hooks (2005), Nogueira (1985) Guimarães (1998), Gomes (2005), Munanga (2008), Schwarcz (1993) e outros(as). A análise e a discussão dos dados empíricos culminaram para os seguintes resultados: as dificuldades de mobilidade dos cargos e a sub-representação em funções destinadas às áreas de docência, coordenação e recepção nas escolas particulares; o "silenciamento" das estudantes sobre a percepção de "si" como "alvo" do racismo e a ausência de um posicionamento crítico face às questões raciais; a importância da formação acadêmica, pedagógica, politicamente qualificada como estratégias para a afirmação e o fortalecimento de suas identidades. Diante disso, faz-se mister a ampliação do olhar a respeito desse segmento e a fomentação de discussões, visando a promoção de ações de equidade.