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Portuguese

ID: <

oai:doaj.org/article:7d6a253d3b4141babd39aba26dddc1b2

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DOI: <

10.22409/1981-4062/v24i/311

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Deixa o velho Platão franzir seu olho austero ou Queerificando Baudelaire

Abstract

As flores do mal (1857) correspondem ao monumento, por excelência, do ambivalente gênio baudelairiano. Escritos ao longo de vinte e sete anos, os 166 poemas reunidos nesta compilação antológica expressam, segundo Benjamin, o canto de cisne do último grande lírico no auge do capitalismo. Confirmando sua irredutível extemporaneidade, seis de suas “flores doentias” foram sumariamente censuradas pelo tribunal correcional de Paris, sob a alegação de atentar contra a moral e os bons costumes. A posteriori, foram incorporadas ao livro, sob a rubrica “Poemas condenados”, na seção “Marginália”, na qual “Lesbos” e “Mulheres Malditas” figuram em posição de destaque – de certo modo, justificando o outro título cogitado para As flores do mal: “As Lésbicas”. Em todo caso, postado na encruzilhada maldita entre o spleen e o Ideal, a natureza e a história, Baudelaire dá voz aos avatares apócrifos de uma modernidade decadente redimida pela sensibilidade de uma antiguidade heroica. Não por acaso, algumas de suas mais eloquentes invocações performativas encarnam-se em corpos femininos não-normativos, voluptuosamente animados pelo páthos da negatividade: os das lesbianas. Personagens como Safo, Delfina e Hipólita, por exemplo, vêm a protagonizar um enquadramento teórico essencialmente antiplatônico, no qual as múltiplas figuras do antinatural, do anormal e do abjeto são revistas e transvaloradas à luz de uma perspectiva que talvez pudéssemos chamar de “queer” avant la lettre. Trata-se, aqui, de submeter as sublimes composições baudelairianas ao crivo de uma certa genealogia do gênero informada por autoras contemporâneas como Monique Wittig, Judith Butler e Paul Beatriz Preciado.

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